Era um domingo morto, como qualquer outro.
A diferença era a chuva torrencial que estava caindo do lado de fora do meu apartamento.
Eu estava lendo, o que eu faço com frequência, quando, do nada, a minha campanhia tocou.
A princípio, achei que fosse uma vizinha pedindo qualquer coisa que ela não pudesse sair pra comprar por causa da chuva, e que provavelmente eu não teria, já que , como moro sozinha, minha geladeira só tem o essencial pra eu que não morra de fome.
Quando eu abri a porta, eu tomei um susto!
Não nos vímos há tempos. Uns dois anos, eu diria (desde que terminamos).
Tomei um susto porque não fazia idéia de como ele havia subido se eu não tinha autorizado, nem atendio o interfone. Provavelmente, tinha subido com algum vizinho.
Ele estava completamente molhado por causa da chuva. Confesso que senti um pouco de pena, mas não muita.
A aparência de cansaço era evidente no seu rosto.
A minha primeira reação foi:
- O que você tá fazendo aqui? Como você subiu??
- A gente precisa conversar, e precisa ser agora!
E foi entrando no meu apartamento, com a mesma intimidade que ele fazia antes de nos destruírmos.
Entrou na cozinha, colocou o casaco em cima da mesa, abriu a geladeira e pegou a garrafa de água como se fosse o dono do meu espaço!
- O que te faz pensar que você pode entrar na minha casa e agir como se fosse íntimo? Como se nada tivesse acontecido!? O que você tá fazendo aqui?
Alterando a voz gradualmente, me metralhou com as palavras:
- Eu é que te pergunto? Você virou meu pesadelo esse tempo todo. Não tem uma merda de noite que você não esteja presente! Que inferno! Sempre tem um filho da puta que faz ou fala alguma coisa que você gosta, ou que você não gosta! Sempre aparece alguém com o seu nome numa mesa de bar, ou é a nova amiga de um conhecido meu! Porra! E tem noites seguidas que eu tenho sonhos com você! Nem dormindo você some da minha vida!
-Você tá louco!! Foi você que abriu a porta e foi embora! Você tinha que ser o primeiro a virar a página, já que foi você quem pulou do barco! Logo, você não tinha nem que lembrar do que eu falei ou deixei de falar, nem ficar lembrando do que eu gosto, e se eu estivesse no seu lugar, eu já teria esquecido até o meu nome! Mas que saber? To com vontade de rir da sua cara! To gostando de saber que você anda sonhando comigo! Na verdade, você sabe que quem não me tira da sua cabeça é você mesmo!
O silêncio se fez na cozinha. Ele, com raiva, deu um soco na parade (o que me deu mais vontade ainda de rir; meu deboche não cabe em mim).
Fui até o armário do banheiro e peguei uma toalha pra ele.
Era o mínimo que eu podia ter feito depois d'ele ter inflado o meu ego daquela maneira!
De fato, por mais que eu tivesse passado pelo inferno (três vezes) depois do que virou a minha vida sem ele, eu não ia admitir. Não pelo menos até a noite ter o desfecho que eu estava esperando!
quarta-feira, 28 de julho de 2010
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