Ele falava do jeito como eles se conheceram, de como era o sorriso dela, do jeito como ela falava, de suas manias e de seus defeitos como se fosse a coisa mais linda do mundo.
Por vezes eu ria dele e de como ele estava totalmente entregue ao amor dela e sentia no fundo uma pontada de inveja dele, por nunca ter conhecido esse sentimento que ele estava, agora, tão familiarizado.
Uma semana depois nos encontramos.
Ele veio passar o final de semana com ela aqui em casa, para que pudessemos nos conhecer. Ele estava radiante de felicidade.
Quando eu, finalmente, abri a porta, os meus olhos e os dela se encontraram e não se desgrudaram mais. Foi como um ataque fulminate.
A voz dela era como uma faca que me rasgava por dentro.
O meu irmão estava certo. Ela era tudo o que ele falara e um pouco mais...
A alma dela era transparente pra mim. eu sabia que ela estava na mesma sintonia que eu. Ela estava tão perturbada quanto eu. Só o meu irmão não via isso!
Sábado a noite, estávamos bebendo vinho, conversando, contando casos.. Ela estava sentada ao lado dele, de frente pra mim.
Toda vez que ela sorria, eu tinha vontade de sair da sala de forma quase incontrolável.
Ela sabia o que estava fazendo comigo, e eu sabia que ela não estava confortável.
Era algo que a gente não podia evitar.
Por onde ela andava que eu não a conheci antes?
Me crucificava toda vez que esse pensamento vinha a minha mente. Era da mulher do meu irmão que eu estava pensando.
Meu irmão estava bem cansado da viagem e resolveu ir deitar no quarto de hóspedes. Ela o incentivou a ficar, dizendo que a garrafa de vinho ainda estava pela metade, mas ele não cedeu!
Foi deitar e nos deixou na sala. Eu ainda pensei em ir deitar também, só pra não ceder à tentação, mas não resisti.
Pensei que não iria me perdoar por perder o olhar dela, nem que fosse por umas horas.
Ficamos algumas horas sem falar uma palavra. Só ficamos numa troca de olhares perturbadora. Não conseguiamos desviar o olhar um do outro nem por meio segundo. Era como se nós não precisassemos de palavras. Estava dito no olhar o ambos queriam no momento.
Nos desejavamos. Isso era um fato! Não podia ser feito nada. Isso era outro fato!
Eu, o tempo todo , com a idéia de que era a minha cunhada, era a mulher que o meu irmão estava apaixonado.
Eu não estava apaixonado, nem ela. Estavamos escravos de um desejo indescritível.
A garrafa de vinho acabou.
Num impulso, peguei outra. E sempre sentindo os olhos dela em mim.
Quando me virei, ela estava em pé, atrás de mim. não foi bem uma surpresa!
Coloquei a garrafa na mesa da sala.
Nos beijamos tão intensamente. Minha mão estava sobre o rosto dela. Estava sentindo cada músculo do rosto dela se movimentar.
Sentia cada respiração ofegante que saia dela. Era como se estivessemos sufocados, buscando qualquer filete de ar.
Comecei a tirar sua roupa, e fui levando-a pra cozinha.
A tensão em suas costas era evidente. Nas minhas também!
Nunca tinha sentido algo parecido. A química era clara. Era um encaixe perfeito.
Quando a penetrei, a senti tão quente, tensa, tão úmida que não consegui ficar calmo.
Cada gemido dela era um estímulo a mais.
Quando senti suas lágrimas rolarem dos seus olhos, me senti tão mais excitado que não consegui controlar minha força.
A levantei na parede da cozinha, e a devorei ali mesmo, sem mais preocupações.
Era um choro de culpa, de remorso.
E era impressionante como aquilo me excitava!
Minha pele esquentava perto da dela.
Nossos músculos relaxaram ao mesmo tempo.
Entramos num orgasmo mútuo.
A culpa era, para ambos, algo que iria nos corroer pro resto da vida.
Nos olhamos, e sabiamos que nada seria dito no dia seguinte. Seria como se nada tivesse acontecido.
Colocamos nossa roupa, voltamos pra sala
Ela decidiu ir para o quarto com o meu irmão. o descontrole dela estava me incomodando bastante e até achei melhor que ela se retirasse.
Se ela ficasse mais um minuto ao meu lado, a culpa ia me consumir da mesma maneira que estava consumindo a ela. E, definitivamente, não era isso que eu queria! A minha culpa já estava bem grande dentro de mim, não precisava dela para aumentá-la.
Peguei a garrafa de vinho em cima da mesa, abri-a, enchi a taça, ascendi um cigarro e fui pra varanda.
É... o meu irmão tirou a sorte grande...
Estar com essa mulher todos os dias, na cama com ela, com aquele sorriso e aquele olhar..."
Dimitri Fonseca