Naquela noite, tava chovendo muito e tava frio...
A chuva tava batendo com força na janela.
Só com a coberta sobre as minhas pernas, ele passava o dedo pelas minhas costas de cima para baixo, de baixo para cima. O silêncio era insuportável depois de algumas horas nos seus braços.
De repente me levantei.
Ele continuou sentado na cama, como estava antes, sem dizer nada.
Peguei sua blusa no chão, e fui vestindo fazendo o trajeto para a cozinha. A idéia de ficar nua na sua frente era insuportável, mesmo me sentindo nua toda vez que ele me olhava nos olhos.
Servi uma taça de vinho. Voltei para o quarto.
Fiquei em pé, de costas para ele, olhando para para a chuva, segurando a taça.
O silêncio continuava...
Não aguentei e perguntei já sufocada, mas com calma:
-Quando?
-Quando o que? - me respondeu com a maior calma possível
-Quando você vai embora?
-Quando você conseguir me libertar de você. Quando eu conseguir me libertar de você..
Eu sabia ele ia de alguma forma, a qualquer momento... Ele sentia que tinha que ir...
Sei lá porque!
Talvez eu nunca entendesse...
Eu não conseguiria me liertar dele nunca.. Ele não iria me libertar nunca...
Ele não podia me pedir isso...
Era injusto, egoísta...
Mas era ele... Ele sempre foi assim, nunca iria mudar... Eu o amava assim, desse jeito, talvez se ele mudasse, eu não o amasse tanto.
Libertá-lo estava fora de cogitação. Se ele tivesse que ir, poderia ir..
Mas o meu egoísmo, tão forte quanto o dele, não permitiria que eu facilitasse assim a ida dele...
Ele era parte de mim...
Sem chance!
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