domingo, 12 de dezembro de 2010

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"E Swann percebeu, imóvel diante daquela felicidade revivida, um infeliz que lhe causou piedade porque não o reconheceu de imediato, embora devesse baixar os olhos para que não vissem que estavam cheios de lágrimas. Era ele próprio"

( Um amor de Swann - Proust )

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Galhos

Todos os dias ela ia a janela, pelo menos três vezes por dia.

Acendia um cigarro, uma xícara de café, e olhava para o mesmo galho da árvore que ficava perto da sua janela.

Era sempre o mesmo galho: seco, sem nenhuma folhagem, o único sem nenhuma folhagem.

Enquanto ela via todos os outros, ao longo de tanto tempo, com suas folhas crescendo e novos galhos verdes, aquele permanecia seco, sem nenhuma folhagem nova.

Ela se perguntava sempre, porque tinha que ser assim. Por que esse galho tinha que esperar mais tempo que os outros, se o sistema em si estava funcionando?

Essa, às vezes, era a pergunta que fazia a si mesma.. Por que ela tinha que esperar tanto tempo?

Mas, assim como o galho, que estava preso na árvore, esperando por folhas novas, estava ela, presa a uma lembraça que nunca existiu, e que ela tinha que esperar chegar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Susto

Era um domingo morto, como qualquer outro.
A diferença era a chuva torrencial que estava caindo do lado de fora do meu apartamento.
Eu estava lendo, o que eu faço com frequência, quando, do nada, a minha campanhia tocou.
A princípio, achei que fosse uma vizinha pedindo qualquer coisa que ela não pudesse sair pra comprar por causa da chuva, e que provavelmente eu não teria, já que , como moro sozinha, minha geladeira só tem o essencial pra eu que não morra de fome.
Quando eu abri a porta, eu tomei um susto!
Não nos vímos há tempos. Uns dois anos, eu diria (desde que terminamos).
Tomei um susto porque não fazia idéia de como ele havia subido se eu não tinha autorizado, nem atendio o interfone. Provavelmente, tinha subido com algum vizinho.
Ele estava completamente molhado por causa da chuva. Confesso que senti um pouco de pena, mas não muita.
A aparência de cansaço era evidente no seu rosto.
A minha primeira reação foi:
- O que você tá fazendo aqui? Como você subiu??

- A gente precisa conversar, e precisa ser agora!
E foi entrando no meu apartamento, com a mesma intimidade que ele fazia antes de nos destruírmos.
Entrou na cozinha, colocou o casaco em cima da mesa, abriu a geladeira e pegou a garrafa de água como se fosse o dono do meu espaço!

- O que te faz pensar que você pode entrar na minha casa e agir como se fosse íntimo? Como se nada tivesse acontecido!? O que você tá fazendo aqui?

Alterando a voz gradualmente, me metralhou com as palavras:
- Eu é que te pergunto? Você virou meu pesadelo esse tempo todo. Não tem uma merda de noite que você não esteja presente! Que inferno! Sempre tem um filho da puta que faz ou fala alguma coisa que você gosta, ou que você não gosta! Sempre aparece alguém com o seu nome numa mesa de bar, ou é a nova amiga de um conhecido meu! Porra! E tem noites seguidas que eu tenho sonhos com você! Nem dormindo você some da minha vida!

-Você tá louco!! Foi você que abriu a porta e foi embora! Você tinha que ser o primeiro a virar a página, já que foi você quem pulou do barco! Logo, você não tinha nem que lembrar do que eu falei ou deixei de falar, nem ficar lembrando do que eu gosto, e se eu estivesse no seu lugar, eu já teria esquecido até o meu nome! Mas que saber? To com vontade de rir da sua cara! To gostando de saber que você anda sonhando comigo! Na verdade, você sabe que quem não me tira da sua cabeça é você mesmo!

O silêncio se fez na cozinha. Ele, com raiva, deu um soco na parade (o que me deu mais vontade ainda de rir; meu deboche não cabe em mim).
Fui até o armário do banheiro e peguei uma toalha pra ele.
Era o mínimo que eu podia ter feito depois d'ele ter inflado o meu ego daquela maneira!

De fato, por mais que eu tivesse passado pelo inferno (três vezes) depois do que virou a minha vida sem ele, eu não ia admitir. Não pelo menos até a noite ter o desfecho que eu estava esperando!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Give into me

I'm falling down on you, where are you from
What else can I do, you're so beautiful how can I go on
If I loose it all, would you go down on me
I don't even know, the things you want me to see
Waiting for you
Thinking of you
Give into me, I'll make you blue
I wanna know if you feel the same
You’re mine, I'm ridin high like an aero plane
I wanna give you what you need,
But I don't dare to ask
I got no self-esteem, I don't blame my past
Waiting for you
Thinking of you
Give into me, I'll make you blue
I wanna know if you feel the same
You’re mine, I'm ridin high like an aero plane

sexta-feira, 7 de maio de 2010

“Perco horas observando seus gestos. Meu olhar a devora, e eu sinto meu corpo queimar.

Não resistindo muito tempo, eu levanto e caminho até ela que está de costas pra mim. Seguro seu braço e a viro pra mim. Colo seu corpo no meu. Sinto a sua respiração aumentar. Levo uma de minhas mãos até sua nuca, seguro seu cabelo e o puxo para trás. Com a outra mão puxo o seu corpo mais forte contra o meu. Estou tão enlouquecido por ela que a beijo com certa raiva, com certa pressa.

Sinto suas unhas me arranho as costas, e sua respiração quente no meu pescoço, o que me transtorna ainda mais. Nessa hora, encosto seu corpo na parede, já fora de controle. Levanto seus braços e os prendo contra a parede. Sem largar sua boca um só segundo. Desço minha mão até seus seios, de tamanho perfeito, rígidos. Deslizo minha mão pelas curvas do seu corpo.

Começo a levantar sua blusa, mesmo com cuidado, minha vontade é rasgá-la porque já não agüento mais um minuto sem me sentir dentro dela.

Começo a abrir os botões da sua calça, desejando que eles simplesmente sumam. Ela mesma leva minha mão para dentro da sua calça. Ouço-a gemer baixo no meu ouvido. Sentir que ela está molhada e quente só aumenta mais a minha vontade de comê-la, ali, no meio da sala. Sinto que suas mãos trêmulas estão suadas e tentando abrir minha calça. Vê-la perder o controle me dá uma sensação de poder indescritível. Por mais que eu a ame, só o que eu quero agora é fazer sexo com ela.

Quando me sinto dentro dela é quase um momento de êxtase. Senti-la do jeito que só eu sinto, ouvir seu gemido, sentir que ela me arranha do jeito que só ela sabe, me faz ter certeza de que ela é minha, de mais ninguém.

Sinto seu corpo tremer, e relaxar. Eu estou completamente exausto, tanto quanto ela. Nosso beijo agora é suave, cansado, fico olhando seu corpo caído na cama, suado, branco, sem energia.”

( Dimitri Fonseca )

Pecado da Carne

Ele sabe, nosso relacionamento é casual.
Temos uma relação casual.
Quando nos encontramos por vezes agimos como se fossemos amigos, outras vezes temos horas de um sexo incrível. Principalmente depois de algumas tulipas de chopp.
O bom dessa nossa relação é que nos entendemos muito bem. Temos consciência de que é só sexo, e tudo é, no mínimo, divertido.
Pensa comigo: eu sou solteira, moro sozinha, tenho um emprego que consegue bancar todos os meus luxos, tenho amigos sempre presentes. Eu gosto da minha vida do jeito que ela é!
Se você pensar bem, minha relação com ele é saudável.
Ele exala tesão, o que me deixa louca com frequência, os orgasmos me deixam completamente entorpecida. É a combinação perfeita!
Depois do sexo, conversamos sobre quase tudo, e rimos de alguns conhecidos e seus relacionamentos complicados envolvendo um amor doentio, ciúmes, ou então os amores encubados de outros. Falamos sobre o dia no trabalho, de certas neuroses minhas, ou das dele!
Acho que penso muito a respeito do sexo com ele porque nos conhecemos muito bem na cama, simplesmente temos a química!
Só o que me incomoda, às vezes, é a maneira como ele me olha. Uma vez o peguei me olhando quando eu ainda tava na cama. Quando eu perguntei o que era, ele só respondeu:
"Gravando você na memória"
Outra vez foi logo depois do carnaval. Ele tinha viajado, não nos víamos a um certo tempo, e nos encontramos no shopping, por acaso.
Ele me olhava de um jeito estranho.
Confesso que gosto desse olhar, meio bobo, mas não sei se quero reparar muito nesse olhar!
Mas pra falar a verdade, não me importo muito. Eu o conheço muito bem e sei que ele é o último cara na face da Terra que eu teria a coragem de ter alguma coisa séria!
E pra falar a verdade, não consigo nutrir nenhum sentimento shakespeariano por ele.
Sei lá! Pode pensar que eu sou egoísta, que eu só penso em mim, que eu não me importo com o sentimento alheio ( se é que ele realmente tem algum sentimento!), mas não consigo me envolver mais do que isso!
É claro que eu gosto dele! Ele é uma pessoa incrível, é sarcastico, inteligente, é meu amigo! Eu adoro ele! Mas, não é amor, é sexo!
E é dos melhores!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Willy Wonka

Hold your breath
Make a wish
Count to three

Come with me and you'll be
In a world of pure imagination
Take a look and you'll see
Into your imagination

We'll begin with a spin
Trav'ling in the world of my creation
What we'll see will defy
Explanation

If you want to view paradise
Simply look around and view it
Anything you want to, do it
Want to change the world, there's nothing to it

There is no life I know
To compare with pure imagination
Living there, you'll be free
If you truly wish to be

If you want to view paradise
Simply look around and view it
Anything you want to, do it
Want to change the world, there's nothing to it

There is no life I know
To compare with pure imagination
Living there, you'll be free
If you truly wish to be

segunda-feira, 15 de março de 2010

Piece and kiss

First of all must go
Your scent upon my pillow
And then, I say goodbye
your whispers in my dreams
And the your lips will part
In my mind and in my heart
Coz your kiss
Went deeper than my skin

Piece by piece
Is how I'll let go of you

Kiss by kiss
will leave my mind one at a time


p.s.- all the same, I miss you
Today has been ok!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sem chance!

Naquela noite, tava chovendo muito e tava frio...
A chuva tava batendo com força na janela.
Só com a coberta sobre as minhas pernas, ele passava o dedo pelas minhas costas de cima para baixo, de baixo para cima. O silêncio era insuportável depois de algumas horas nos seus braços.
De repente me levantei.
Ele continuou sentado na cama, como estava antes, sem dizer nada.
Peguei sua blusa no chão, e fui vestindo fazendo o trajeto para a cozinha. A idéia de ficar nua na sua frente era insuportável, mesmo me sentindo nua toda vez que ele me olhava nos olhos.
Servi uma taça de vinho. Voltei para o quarto.
Fiquei em pé, de costas para ele, olhando para para a chuva, segurando a taça.
O silêncio continuava...
Não aguentei e perguntei já sufocada, mas com calma:
-Quando?

-Quando o que? - me respondeu com a maior calma possível

-Quando você vai embora?

-Quando você conseguir me libertar de você. Quando eu conseguir me libertar de você..

Eu sabia ele ia de alguma forma, a qualquer momento... Ele sentia que tinha que ir...
Sei lá porque!
Talvez eu nunca entendesse...

Eu não conseguiria me liertar dele nunca.. Ele não iria me libertar nunca...
Ele não podia me pedir isso...
Era injusto, egoísta...

Mas era ele... Ele sempre foi assim, nunca iria mudar... Eu o amava assim, desse jeito, talvez se ele mudasse, eu não o amasse tanto.

Libertá-lo estava fora de cogitação. Se ele tivesse que ir, poderia ir..
Mas o meu egoísmo, tão forte quanto o dele, não permitiria que eu facilitasse assim a ida dele...
Ele era parte de mim...
Sem chance!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Na minha loucura

Eu to aqui..
E o meu grito calado não te comove..

Diante de você me desarmo,
Me sinto despida
Quando me vejo nos seus olhos..

Me sinto limpa..
Me sinto suja..
Eu me escondo.. Você se esconde..

Medo.
Medo de quê?

Eu sou livre..
Eu sou presa à você..

Meu grito interno..
Grita você..

Junto ou perto..
Vou com você.. na sua mente
Onde quer que você olhe,
você vai me ver..

Eu estou com você
Na minha loucura..
Na sua também..